sexta-feira, 7 de maio de 2010

Pope Culture

Eu andava a ver se não comentava a visita do Papa. Mas desde que pensei em evitar comentar a visita do Papa que me veio uma vontade extrema de comentar a visita do Papa.

Fraqueza assumida, vou comentar a visita do Papa.

Por esta altura em qualquer outro ano seria bastante comentar as andanças de Fátima, ou melhor, as andanças para Fátima e o acréscimo sazonal em número e variedade à população de roadkill da nacional nº1. Deus os abençoe e acolha. Acho que há uma porta especial para quem falece (soa estranho) em peregrinação (guest list, VIP, etc…).

Mas isto é acerca do Bento. O Papa (Pops para os amigos) decidiu incluir o nosso país na POPE MEGA TOUR que começou há uns anos e que aparentemente não tem data para acabar. O que é que ele vem cá fazer realmente? Benzer a malta, apelar à paz e solidariedade, comentar a necessidade de regresso aos valores da família, citar Jesus Cristo, e contribuir para o desejado impulso de uma micro economia dedicada a vender velinhas, terços, crucifixos, miniaturas luminescentes, bandeirinhas, pins, canecas, lenços, e entre merchandising afim, o raro e não muito bem sucedido Dvd com a versão homologada pelo Vaticano (The Popes Cut) de “Sex in the city”, intitulada “A prática do coito com fins meramente reprodutivos em legítimo e sagrado matrimónio, na cidade”, filme que se tornou objecto de culto entre os mais liberais, mas que ainda faz virar a cara a muita gente, que prefere as coisas à moda antiga, em silêncio.

Venha ele então, se isso faz a malta feliz, que para tristezas já nos chega… o resto. Mal não fará (que não tenha feito já).

Uns dias de trânsito condicionado, reportagens metro-a-metro sobre o percurso do dito, discursos emocionados de senhoras de certa idade e juventudes pró-activas nos afaires da fé, infindáveis comentários e análises profundas aos porquês e porque-nãos do que disse e fez o santo padre, será modesto preço a pagar pela possibilidade da possibilidade da remota possibilidade de uma razão superior dirigir a sua superior atenção para este povo à míngua (os outros a seu tempo) e quem sabe dar uma mãozinha aos que por cá andam à rasca.

À falta de melhor há a esperança, que sempre vai servindo a muita gente.
O Benfica é campeão, não?

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